Quem é o Espama?

by MC Zeca

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1.
Vivemos numa sociedade Em que nunca há noção Em que os meninos têm anciedade e as meninas depressão
2.
estou sentado no meio de uma festa embebedado com vontade de dormir uma sesta estou me a tentar exprimir todos a festejar e eu a tentar não me vomitar sou o mc zeca e sou ateu pareço um minimeu tou com ganda estaleca tropeço no meu talento enquanto escrevo uma biblioteca peço um servo para me matar a fomeca estou sentado no meio de uma festa embebedado com vontade de dormir uma sesta estoue a tentar me exprimir todas as noites tenho de tomar comprimidos para dormir todo o cash está ainda para vir a caminho do topo viro um copo pinto o papel com as minhas rimas messagem no meu movel é a tua bitch e as suas amigas á espera do crop viro top á espera do brou viro norte á espera do flow tiro o cop estou sentado no meio de uma festa embebedado com vontade de dormir uma sesta estoue a tentar me exprimir todas as noites tenho de tomar comprimidos para dormir todo o cash está ainda para vir a caminho do topo viro um copo pinto o papel com as minhas rimas messagem no meu movel é a tua bitch e as suas amigas á espera do crop viro top á espera do brou viro norte á espera do flow tiro o cop homem não vivo chama me scarecrow alimento me do teu medo continuo com o meu bruxedo
3.
Hoje acordei tava cheio de sono Levantei-me da cama Vi um bagaço sem dono Infelizmente já não há café Que ganda drama Quando estou em baixo És tu que me animas Dás-me buéda energia Melhor que vitaminas Se estou cansado é só mandar vir um café com cheirinho e fico logo a sorrir é barato e rápido a sair a única merda é ter que ir pedir Se estou cansado é só mandar vir um café com cheirinho e fico logo a sorrir é barato e rápido a sair a única merda é ter que ir pedir Aptece-me um cheirinho Quero um cheirinho Preciso de Cheirinho Depois de Beber fico cheio de pica só me aptece correr bem melhor que uma bica sabe mal como tudo mas eu não quero saber um cheirinho por dia dá saúde e faz crescer no nome tem "café" mas café é subjetivo para ficar bom é ir na fé despejar bagaço com um sorriso é pena não durar muito 5 minutos e preciso d'outro quem me dera que fosse gratuito apenas café é demasiado neutro Se estou cansado é só mandar vir um café com cheirinho e fico logo a sorrir é barato e rápido a sair a única merda é ter que ir pedir Se estou cansado é só mandar vir um café com cheirinho e fico logo a sorrir é barato e rápido a sair a única merda é ter que ir pedir é isto o meu dia-a-dia uma vida sem cheirinho era uma vida sem alegria ya
4.
Não Fumes 03:28
Ei tu ai! Não Fumes!
5.
Fui à praia bem descansado Mas logo tive que me chatear Não havia vinho em nenhum lado Então agora vou ter de répar É lei que para mim levem um vinho tinto pra hidratar como e que vocês se atrevem agora vão ter que remediar Um bom vinho por dia Presta bem atenção Trás bem estar e alegria Viva ao Vinho meu irmão! cacho fresco é necessidade tomo sempre ao acordar é o que me mantem a sanidade um bem em que vale a pena gastar vinho verde é o que menos bate mas se me derem não vou recusar desde que seja vinho não há debate vou beber até a puta apanhar Um bom vinho por dia Presta bem atenção Trás bem estar e alegria Viva ao Vinho meu irmão! Vinho branco até é drena Sabe bem até para um deus Bebi tanto na quarentena O meu fígado já disse adeus Se não puderem levar um tinto pelo menos uma cervejinha vou bebê-la com o mesmo carinho é bem melhor do que farinha muitos preferem super bock mas o mc zeca diz que sagres é que é top yh Um bom vinho por dia Presta bem atenção Trás bem estar e alegria Viva ao Vinho meu irmão! VIVA O VINHO!!!!
6.
Praia 03:51
ya ya Maltinh maltinha, está na hora Está na hora maltinha Direitinho das grandes montanhas do rap um chouriça caí sempre bem com o meu vinho do caçem por favor não me deixes ocupado que eu já tenho quem me chupe o cajado quero ir à praia beber uma vinhaça com umas batatas já é ganda retraça com vinho a vida tem um propósito eu penso em Ganza quando tenho q´ir encher o depósito [Do carro] o que mais podiam querer?, uma chouriça ou uma farinheira? vocês acham que não tenho estilo mas eu comprei o drip da feira ainda hoje é quarta-feira e até agora só ouvi criticar eu estou na praia estou a mayar vai pó caralho que vais ver que vais gostar podes achar que és fixe mas não estás na zona eu abro a tua bitch tipo um kebab ela é bem boa és um chunga e só falas merda quando falaste á pouco não disseste nada tipo que deste em keta parecias uma cona estagnada as tuas hoes parecem gormitis coitadinhas são feias que doi mas dá para brincar de vez em quando isso é o que faz de mim o Heroi na praia armas-te em mau mas não passas de um animal achas que fiz um trap nunca fui ao Rio-de-Janeiro eu sou o deus do rap mas tu não passas sequer de um pioneiro agora voltando à praia quero aprender a fazer surf mas tou ocupas a água toda nem parece que és um smurf achas que tens as bitches todas a trás de ti desculpa sócio mas não és eu achas que és o maior mas não passas de mais um judeu uma chouriça caí sempre bem com o meu vinho do caçem por favor não me deixes ocupado que eu já tenho quem me chupe o cajado só quero ir à praia beber uma vinhaça e com umas batatas já é ganda retraça com vinho a vida tem um propósito eu penso em Ganza quando tenho q´ir encher o depósito [Do carro] estás à espera de pegar o cake tu achas que répas tipo Drake mas não bro para répares melhor que eu tinhas de ser melhor que deus mas não passas de um ateu com todo este peso do rap já me doem as costa oh crap eu preciso de um massagista mas acho que tu precisas é de um ginecologista és só mais um fumita e pensas que andas todo catita todos dizem que és um agarradinho e não passas de um atrasadinho com os pulmões pretos de tanto fumo devias era ter cartão de maluco depois do espanhola e do 2 anos ficas-te a ver navios, ou então a levar no anus a tua carreira em declinio e eu aqui com os patrocinios depois do sons da via tornei-me num deus deves pensar que sou mais um dos teus lamento sócio mas não sou um judeu
7.
Já dizia Fernando Pessoa Pensar é tótil angustiante Pensar não é coisa boa Faz-te ficar sad num instante Quero animar a malta toda Podem me chamar de boda Se estiver angustiado É complicado estar animado Caralho ta foda as tuas merdas Volta pá cona da tua progenitora O mundo sem ti não tinha perdas Pareces um sad girl, ganda toura Pensar dá bué trabalho Estudar química é bem melhor Já joguei as cartas do baralho Mas tá tudo a ficar pior O dred fernando eu tento q'aturar vim para CT porque não curto de linguas mas português continuo a estudar Já se pediam umas tréguas Caralho ta foda as tuas merdas Volta pá cona da tua progenitora O mundo sem ti não tinha perdas Pareces um sad girl, ganda toura Tinhas a mente toda fudida E nem vivias em 2020 Onde a sociedade está perdida E ganha depressão por conseguinte Crias várias personagens Para tentar acabar essa loucura Mas isso não te trouxe grandes vantagens Essa tua panca não tem cura (Larga as drogas!!) Caralho ta foda as tuas merdas Volta pá cona da tua progenitora O mundo sem ti não tinha perdas Pareces um sad girl, ganda toura
8.
Boa tarde cavalheiros uma aula vos vou dar vamos nessa companheiros usem caneta para anotar caderno ou caderneta sinceramente não importa não batam à punheta e rapem bem essa horta Respeitem as meninas Parem de fumar não sejam traquinas senão elas não vão gostar Abram-lhes a porta Deixem-nas entrar primeiro Já sabem o que importa é ter vista pó traseiro Concordem sempre com elas Elas é que têm razão Todas as mulheres são belas Não têm culpa da violação Respeitem as meninas Parem de fumar não sejam traquinas senão elas não vão gostar Respeitem as meninas Parem de fumar não sejam traquinas senão elas não vão gostar Deixam-nas sempre ganhar Principalmente quando ela está chateada Peçam desculpa só prás calar E a seguir mandem-lhe uma puta duma chicotada Ups estava a brincar meninas Queria dizer façam-nas sentir encantadas Pelas vossas características masculinas E pelas outras coisas acima citadas So vos queremos fazer felizes Vocês é que dificultam o processo Às vezes cometemos uns deslizes Mas só queremos o vosso sucesso Sabemos que trair é pecado E isso não vai ser um problema Cada um de nós é o mais dedicado À nossa mulher ser leal é o lema Respeitem as meninas Parem de fumar não sejam traquinas senão elas não vão gostar Respeitem as meninas Parem de fumar não sejam traquinas senão elas não vão gostar sejam bons meninos!
9.
[MC Zeca] Trabalha Artice, escreve mais aqui Quero mais das tuas lyrics, todas ainda não li Se queres que o dinheiro seja atribuído a ti Rápido que tenho que ir fazer xixi [Artice] Tudo bem MC Zeca Não te vou deixar mal Por ti escrevia uma biblioteca Rumo ao sucesso universal [Preto] Parem de rimar quero os dois a trabalhar Se continuarem aqui a repar Não há musicas para eu lançar E assim ninguém vai lucrar [Ratazana] Afonso deixa de ser mongo Precisamos de inovar Se não chamo o Cigas com o bongo E de uma ganza vais puxar [Artice] Vamos ver é se agora Se arranja um dia para gravar Tou com o hype a mil à hora Agora não consigo abrandar [Zeca] Vamos lá pó meu roupeiro Gravar tal perfeição Chamar o stor de filo paneleiro E ganhar o orgulho da nação [Preto] Tanta ofensa desnecessária Temos que agradar toda a gente Entretanto tá aí a funerária Para enterrar quem tá descontente [Ratazana] Tá na hora de mostrar a esses dreds Que têm que ganhar noção Vejam lá se se metem a pau Senão levam já com um colhão
10.
Boas Penicheiro Tu não leves a mal Mas pareces não ter Dinheiro Venho falar-te de fraude fiscal Morte aos ciganos e minorias Vão trabalhar para ganhar Sempre à mama de democracias Os meus impostos estão a roubar Se impostos não queres pagar Uma manobra tens que usar Fraude fiscal é a solução Pós ciganos nem um tostão [A Fraude fiscal é o uso de meios ilícitos para evitar o pagamento de taxas, impostos e contribuições] Mais difícil que lavagem de dinheiro Este método requer offshore Senão é como ser fazendeiro Não é preciso ser tão hardcore Em esquemas de pirâmide vou participar Não tenho medo da pena de prisão Para a Suíça o meu dinheiro vou mandar Os Políticos dizem que é a sensação Se impostos não queres pagar Uma manobra tens que usar Fraude fiscal é a solução Pós ciganos nem um tostão [A Fraude fiscal viola a letra e o espírito da lei fiscal, constituído por isso, infração fiscal penalmente sancionável] Os impostos são roubo Seguir a lei já não dá Eu não os pago nem morto Vou emigrar para o Canadá Para presidente vou concorrer O mundo da política vou mudar Fraude fiscal vou cometer Fome já não vão passar Se impostos não queres pagar Uma manobra tens que usar Fraude fiscal é a solução Pós ciganos nem um tostão [Abaixo a democracia, abaixo a república, chega de sacrifical as nossas vidas para satisfazer sistemas corruptos, a altura de descontar para interesses políticos acabou, pratiquem fraude fiscal]
11.
Vanessa Ama-me Vanessa Ama-me por favor, eu não te peço mais nada Vanessa por favor Ama-me Vanessa
12.
ontem fui à missa mamei um pão com chouriça depois encontrei a Luisa e mandei-lhe assim com a pissa depois fui ao talho e vi o gervásio ele queria ir à praia mas tava um frio do caralho bitch gira lá esse canudo deves pensar que sou surdo ouvi o que fizeste ontem a mais o manel mudo vi a minha dama na rua ela tava quase nua ela tava mei tremida quase com hipotermia tava na aula de inglês aquilo estava alta seca a stora tava a dar manage e eu acho que fiquei com braind damage essa bitch acha que é boa quero é que ela se foda ela estava meio adormecida mas alternas são a minha vida tem cuidado com o teu maço porque eu consumo o teu tabaco põe-te a pau se não podes levar com o taco depois disso tem cuidado que o meu "g" é meio passado se fosse a ti não ficava tão otimista ou ainda encontras speedo na tua tosta-mista tu pensas que sou bot mas não, eu jogo top tem cuidado quando jogo de sylas ou vais acabar a chupar umas pilas ontem fui ao porto encontrei lá uma alterna ela chupou-me a dick e hoje dói-me o escroto as moças do tinder são todas boas até as velhas de certa forma mas o que eu quero mesmo é ficar-lhes com a reforma já mandei mensagem a duas uma delas só quer piloca a outra até é girinha mas é uma ganda badalhoca para concluir já estou um becs farto está frio comó caralho acartar a minha pila grande é um fardo vou comer um dente d`álho
13.
Bem siga mijeiro não entras se fores paneleiro vai mazé chupar pila queres mijar espera na fila Não sabes a Lei Não podes mijar urinóis de shrodinger homenagem ao rei Ao lado doutro homem mijar É ilegal e não ético Fica fudido de me concentrar Se tiver que ver o teu pau esquelético Estou a desviar-me do tema não é isto que importa não tenho a pila pequena e muito menos torta mijar é um momento reflectivo tenho muito em que pensar não ser incomodado é o objetivo o proximo album tenho que planear não sei o que mais dizer vou acabar a musica por aqui vou mazé fuder
14.
Se um dia alguém perguntar por mim Diz que vivi pra te amar Antes de ti, só existi Cansado e sem nada pra dar Meu bem, ouve as minhas preces Peço que regresses, que me voltes a querer Eu sei que não se ama sozinho Talvez, devagarinho, possas voltar a aprender Meu bem, ouve as minhas preces Peço que regresses, que me voltes a querer Eu sei que não se ama sozinho Talvez, devagarinho, possas voltar a aprender Se o teu coração não quiser ceder Não só ter paixão, não quiser sofrer Sem fazer planos do que virá depois O meu coração pode amar pelos dois
15.
Ode Triunfal 17:20
À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica Tenho febre e escrevo. Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto, Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos. Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno! Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria! Em fúria fora e dentro de mim, Por todos os meus nervos dissecados fora, Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto! Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos, De vos ouvir demasiadamente de perto, E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso De expressão de todas as minhas sensações, Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas! Em febre e olhando os motores como a uma Natureza tropical — Grandes trópicos humanos de ferro e fogo e força — Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro, Porque o presente é todo o passado e todo o futuro E há Platão e Virgílio dentro das máquinas e das luzes eléctricas Só porque houve outrora e foram humanos Virgílio e Platão, E pedaços do Alexandre Magno do século talvez cinquenta, Átomos que hão-de ir ter febre para o cérebro do Ésquilo do século cem, Andam por estas correias de transmissão e por estes êmbolos e por estes volantes, Rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo, ferreando, Fazendo-me um acesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma. Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime! Ser completo como uma máquina! Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo! Poder ao menos penetrar-me fisicamente de tudo isto, Rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-me passento A todos os perfumes de óleos e calores e carvões Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável! Fraternidade com todas as dinâmicas! Promíscua fúria de ser parte-agente Do rodar férreo e cosmopolita Dos comboios estrénuos, Da faina transportadora-de-cargas dos navios, Do giro lúbrico e lento dos guindastes, Do tumulto disciplinado das fábricas, E do quase-silêncio ciciante e monótono das correias de transmissão! Horas europeias, produtoras, entaladas Entre maquinismos e afazeres úteis! Grandes cidades paradas nos cafés, Nos cafés — oásis de inutilidades ruidosas Onde se cristalizam e se precipitam Os rumores e os gestos do Útil E as rodas, e as rodas-dentadas e as chumaceiras do Progressivo! Nova Minerva sem-alma dos cais e das gares! Novos entusiasmos de estatura do Momento! Quilhas de chapas de ferro sorrindo encostadas às docas, Ou a seco, erguidas, nos planos-inclinados dos portos! Actividade internacional, transatlântica, Canadian-Pacific! Luzes e febris perdas de tempo nos bares, nos hotéis, Nos Longchamps e nos Derbies e nos Ascots, E Piccadillies e Avenues de L’Opéra que entram Pela minh’alma dentro! Hé-lá as ruas, hé-lá as praças, hé-lá-hô la foule! Tudo o que passa, tudo o que pára às montras! Comerciantes; vários; escrocs exageradamente bem-vestidos; Membros evidentes de clubes aristocráticos; Esquálidas figuras dúbias; chefes de família vagamente felizes E paternais até na corrente de oiro que atravessa o colete De algibeira a algibeira! Tudo o que passa, tudo o que passa e nunca passa! Presença demasiadamente acentuada das cocotes Banalidade interessante (e quem sabe o quê por dentro?) Das burguesinhas, mãe e filha geralmente, Que andam na rua com um fim qualquer; A graça feminil e falsa dos pederastas que passam, lentos; E toda a gente simplesmente elegante que passeia e se mostra E afinal tem alma lá dentro! (Ah, como eu desejaria ser o souteneur disto tudo!) A maravilhosa beleza das corrupções políticas, Deliciosos escândalos financeiros e diplomáticos, Agressões políticas nas ruas, E de vez em quando o cometa dum regicídio Que ilumina de Prodígio e Fanfarra os céus Usuais e lúcidos da Civilização quotidiana! Notícias desmentidas dos jornais, Artigos políticos insinceramente sinceros, Notícias passez à-la-caisse, grandes crimes — Duas colunas deles passando para a segunda página! O cheiro fresco a tinta de tipografia! Os cartazes postos há pouco, molhados! Vients-de-paraître amarelos como uma cinta branca! Como eu vos amo a todos, a todos, a todos, Como eu vos amo de todas as maneiras, Com os olhos e com os ouvidos e com o olfacto E com o tacto (o que palpar-vos representa para mim!) E com a inteligência como uma antena que fazeis vibrar! Ah, como todos os meus sentidos têm cio de vós! Adubos, debulhadoras a vapor, progressos da agricultura! Química agrícola, e o comércio quase uma ciência! Ó mostruários dos caixeiros-viajantes, Dos caixeiros-viajantes, cavaleiros-andantes da Indústria, Prolongamentos humanos das fábricas e dos calmos escritórios! Ó fazendas nas montras! Ó manequins! Ó últimos figurinos! Ó artigos inúteis que toda a gente quer comprar! Olá grandes armazéns com várias secções! Olá anúncios eléctricos que vêm e estão e desaparecem! Olá tudo com que hoje se constrói, com que hoje se é diferente de ontem! Eh, cimento armado, beton de cimento, novos processos! Progressos dos armamentos gloriosamente mortíferos! Couraças, canhões, metralhadoras, submarinos, aeroplanos! Amo-vos a todos, a tudo, como uma fera. Amo-vos carnivoramente. Pervertidamente e enroscando a minha vista Em vós, ó coisas grandes, banais, úteis, inúteis, Ó coisas todas modernas, Ó minhas contemporâneas, forma actual e próxima Do sistema imediato do Universo! Nova Revelação metálica e dinâmica de Deus! Ó fábricas, ó laboratórios, ó music-halls, ó Luna-Parks, Ó couraçados, ó pontes, ó docas flutuantes — Na minha mente turbulenta e encandescida Possuo-vos como a uma mulher bela, Completamente vos possuo como a uma mulher bela que não se ama, Que se encontra casualmente e se acha interessantíssima. Eh-lá-hô fachadas das grandes lojas! Eh-lá-hô elevadores dos grandes edifícios! Eh-lá-hô recomposições ministeriais! Parlamentos, políticas, relatores de orçamentos, Orçamentos falsificados! (Um orçamento é tão natural como uma árvore E um parlamento tão belo como uma borboleta). Eh-lá o interesse por tudo na vida, Porque tudo é a vida, desde os brilhantes nas montras Até à noite ponte misteriosa entre os astros E o mar antigo e solene, lavando as costas E sendo misericordiosamente o mesmo Que era quando Platão era realmente Platão Na sua presença real e na sua carne com a alma dentro, E falava com Aristóteles, que havia de não ser discípulo dele. Eu podia morrer triturado por um motor Com o sentimento de deliciosa entrega duma mulher possuída. Atirem-me para dentro das fornalhas! Metam-me debaixo dos comboios! Espanquem-me a bordo de navios! Masoquismo através de maquinismos! Sadismo de não sei quê moderno e eu e barulho! Up-lá hô jockey que ganhaste o Derby, Morder entre dentes o teu cap de duas cores! (Ser tão alto que não pudesse entrar por nenhuma porta! Ah, olhar é em mim uma perversão sexual!) Eh-lá, eh-lá, eh-lá, catedrais! Deixai-me partir a cabeça de encontro às vossas esquinas. E ser levado da rua cheio de sangue Sem ninguém saber quem eu sou! Ó tramways, funiculares, metropolitanos, Roçai-vos por mim até ao espasmo! Hilla! hilla! hilla-hô! Dai-me gargalhadas em plena cara, Ó automóveis apinhados de pândegos e de putas, Ó multidões quotidianas nem alegres nem tristes das ruas, Rio multicolor anónimo e onde eu me posso banhar como quereria! Ah, que vidas complexas, que coisas lá pelas casas de tudo isto! Ah, saber-lhes as vidas a todos, as dificuldades de dinheiro, As dissensões domésticas, os deboches que não se suspeitam, Os pensamentos que cada um tem a sós consigo no seu quarto E os gestos que faz quando ninguém pode ver! Não saber tudo isto é ignorar tudo, ó raiva, Ó raiva que como uma febre e um cio e uma fome Me põe a magro o rosto e me agita às vezes as mãos Em crispações absurdas em pleno meio das turbas Nas ruas cheias de encontrões! Ah, e a gente ordinária e suja, que parece sempre a mesma, Que emprega palavrões como palavras usuais, Cujos filhos roubam às portas das mercearias E cujas filhas aos oito anos — e eu acho isto belo e amo-o! — Masturbam homens de aspecto decente nos vãos de escada. A gentalha que anda pelos andaimes e que vai para casa Por vielas quase irreais de estreiteza e podridão. Maravilhosamente gente humana que vive como os cães Que está abaixo de todos os sistemas morais, Para quem nenhuma religião foi feita, Nenhuma arte criada, Nenhuma política destinada para eles! Como eu vos amo a todos, porque sois assim, Nem imorais de tão baixos que sois, nem bons nem maus, Inatingíveis por todos os progressos, Fauna maravilhosa do fundo do mar da vida! (Na nora do quintal da minha casa O burro anda à roda, anda à roda, E o mistério do mundo é do tamanho disto. Limpa o suor com o braço, trabalhador descontente. A luz do sol abafa o silêncio das esferas E havemos todos de morrer, Ó pinheirais sombrios ao crepúsculo, Pinheirais onde a minha infância era outra coisa Do que eu sou hoje...) Mas, ah outra vez a raiva mecânica constante! Outra vez a obsessão movimentada dos ónibus. E outra vez a fúria de estar indo ao mesmo tempo dentro de todos os comboios De todas as partes do mundo, De estar dizendo adeus de bordo de todos os navios, Que a estas horas estão levantando ferro ou afastando-se das docas. Ó ferro, ó aço, ó alumínio, ó chapas de ferro ondulado! Ó cais, ó portos, ó comboios, ó guindastes, ó rebocadores! Eh-lá grandes desastres de comboios! Eh-lá desabamentos de galerias de minas! Eh-lá naufrágios deliciosos dos grandes transatlânticos! Eh-lá-hô revoluções aqui, ali, acolá, Alterações de constituições, guerras, tratados, invasões, Ruído, injustiças, violências, e talvez para breve o fim, A grande invasão dos bárbaros amarelos pela Europa, E outro Sol no novo Horizonte! Que importa tudo isto, mas que importa tudo isto Ao fúlgido e rubro ruído contemporâneo, Ao ruído cruel e delicioso da civilização de hoje? Tudo isso apaga tudo, salvo o Momento, O Momento de tronco nu e quente como um fogueiro, O Momento estridentemente ruidoso e mecânico, O Momento dinâmico passagem de todas as bacantes Do ferro e do bronze e da bebedeira dos metais. Eia comboios, eia pontes, eia hotéis à hora do jantar, Eia aparelhos de todas as espécies, férreos, brutos, mínimos, Instrumentos de precisão, aparelhos de triturar, de cavar, Engenhos brocas, máquinas rotativas! Eia! eia! eia! Eia electricidade, nervos doentes da Matéria! Eia telegrafia-sem-fios, simpatia metálica do Inconsciente! Eia túneis, eia canais, Panamá, Kiel, Suez! Eia todo o passado dentro do presente! Eia todo o futuro já dentro de nós! eia! Eia! eia! eia! Frutos de ferro e útil da árvore-fábrica cosmopolita! Eia! eia! eia! eia-hô-ô-ô! Nem sei que existo para dentro. Giro, rodeio, engenho-me. Engatam-me em todos os comboios. Içam-me em todos os cais. Giro dentro das hélices de todos os navios. Eia! eia-hô! eia! Eia! sou o calor mecânico e a electricidade! Eia! e os rails e as casas de máquinas e a Europa! Eia e hurrah por mim-tudo e tudo, máquinas a trabalhar, eia! Galgar com tudo por cima de tudo! Hup-lá! Hup-lá, hup-lá, hup-lá-hô, hup-lá! Hé-la! He-hô! H-o-o-o-o! Z-z-z-z-z-z-z-z-z-z-z-z! Ah não ser eu toda a gente e toda a parte!

about

Segundo álbum de MC Zeca, serve com sequela ao primeiro, desta vez com temas relativos maioritariamente à cultura Portuguesa

credits

released June 20, 2021

Label: Barraca Família Records™
Vocals: MC Zeca
Guest Vocals: Patrão Assunção, Lil Autoestrada, Artice, O Preto, Lil Ratazana, Shrooms IP-57, Ogoid
Executive Producers: O Preto, Shrooms IP-57, Eduardo Martins
Lyricist: Artice, Lil Ratazana, O Preto, Ogoid, MC Zeca, Lil Autoestrada
Art Director: O Preto

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MC Zeca Lourinhã, Portugal

Desde novo sempre teve uma tendência para o autismo, e com o passar do tempo confirmou-se. Mc Zeca, original de Lourinhã, 2530, é o novo célebre rapper/cantor de vários géneros musicais (Rap, Nu metal, hardstyle e pimba)

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